Dentro do meu coração tenho dois amores... Dois amores que coexistem pacificamente poque não existe em mim a necessidade de escolha. Porque cada um é diferente e tem um significado diferente para mim...
Por um lado amo o Alentejo com as suas planícies perfumadas, o horizonte a perder de vista e toda a míriade de sons e cheiros que preenchem o pôr-so-sol. Amo o Alentejo com o seu ritmo calmo, os seus montados típicos, os estevais e as plantas aromáticas e toda a diversidade existente...
Mas por outro lado sinto que o meu coração pertence ao Norte, à Beira Alta da minha mãe, com os seus rigores, o frio que enregela os músculos e liberta a alma... Os afloramentos graníticos e a vegetação parca, muitas vezes composta por giestas que nos mostram que até na sobriedade pode haver imensa beleza. As gentes endurecidas pela vida mas com um coração sempre pronto a acolher, uma mesa diposta a partilhar um lanche de pão com queijo e uma fogueira para aquecer um fim de tarde na conversa... Pessoas de estilo simples e energéticas, sólidas como a rocha... Gosto da altitude e do vento que açoita a cara e o cabelo, do silêncio preenchido por um ou outro burro ou vaca, enquanto a paz se instala cá dentro...Eu, que sinto que sou mais Alentejo, tenho contudo dentro de mim um cantinho que me lembra que também sou Norte, que tenho dentro de mim a força da Natureza bruta... E isso faz me sentir que me podem vergar, mas nunca partir, e que as contrariedades da vida não me conseguirão tirar aquilo que sou...
(P.S.: Não poderia escrever este post sem lembrar a minha tia-avó Deolinda que transporta em si toda a energia, frontalidade, generosidade e simplicidade da Beira Alta.)

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