Wednesday, May 22, 2013

Sufoco

Há locais que nos sufocam. Perdão, não são os locais, mas o que vivemos neles. Mas a verdade é esses eventos ficam sempre ligados aos locais. Mas como ia a dizer, há locais que nos sufocam. Da janela do meu gabinete contemplo o Alvão (ou será Marão?) com as giestas em flor. Se me levantar e for à janela contemplo uma imensidão de verde com Vila Real em segundo plano. Trabalho num dos campus que acredito serem dos mais bonitos de Portugal e no entanto não me consola esse facto. Porque a vista que eu tenho é por uma janela, um género "podes ver mas não podes tocar". E isso ata-me, prende-me sufoca-me...

Dirijo mais uma vez o olhar para os montes, pensando em lhes chegar. Mas estão longe, inalcansáveis, uma miragem... Como tudo o que gostaria de fazer, como o meu futuro profissional. Sempre disse que era uma bióloga de campo, mas encontro-me presa a um gabinete 8, 10 ou 12 horas por dia, amarrada a uma cadeira, agarrada a um computador, e penso: onde estou eu, onde me perdi?

Lá fora há sol, há aves, há flores, há natureza, mas no meu coração o Inverno ainda cá está, 8, 10 ou 12 horas por dia, e quando saio já não encontro a Primavera, apenas a noite, e é a noite tudo quanto me resta. E agarro-me a ela como o meu último sopro de vida, as minhas únicas horas viva, antes da hibernação que recomeçará novamente nas 8, 10 ou 12 horas do dia seguinte...