Wednesday, November 29, 2006

O vendaval e a brisa


Às vezes tudo começa de repente, inesperado, um vendaval que dá a volta à nossa vida, que nos atira para um redemoinho de emoções sem um prévio aviso... Cada momento e vivido ao máximo, como se não houvesse amanhã. Uma paixão intensa que nos marca profundamente e que deixa dolorosas marcas quando se extingue...
Outras vezes vem aos poucos, sorrateiramente, como uma brisa que se vai instalando aos poucos nos nossos sentido... Como o principezinho conquistou a raposa, um passo de cada vez, cada dia um bocadinho mais próximo, até que a raposa deu por si a desejar que o principezinho chegasse depressa, a ansiar pela sua companhia...Começou com aquele sorriso? Com aquele momento? Quando demos as mãos sem saber muito bem o que é que estava a acontecer? Ou quando nos apercebemos do que sentíamos, do quanto queríamos ficar juntos?

Duas formas de começar algo novo... Duas formas de viver um entrelaçar de vidas e sonhos...Qual será mais forte? Qual dessas pessoas penetrará mais totalmente no nosso coração?

Wednesday, November 22, 2006


"A primeira gota de água que caiu sobre a rocha deslizou até morrer silenciosa.
Seguindo o mesmo caminho, caiu a segunda gota e outra e mais outra.
Agora o sulco é mais uma caverna que devora a dura rocha.
Qual foi a mais forte, a mais potente das gotas?
Não foi a primeira, nem a segunda, nem nenhuma outra...

Foram todas."

Thursday, November 02, 2006

Morre lentamente

"Morre lentamente quem não viaja,
quem não lê,
quem não ouve música,
quem não encontra graça em si mesmo.


Morre lentamente quem destroi o seu amor próprio,
quem não se deixa ajudar.


Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito,
repetindo todos os dias os mesmos trajectos,
quem não muda de marca,
não se arriscando a vestir uma nova cor,
ou quem não conversa com quem não conhece.


Morre lentamente quem evita uma paixão e o seu redemoinho de emoções,
justamente as que resgatam o brilho dos olhos
e os corações aos tropeções.


Morre lentamente quem não vira a mesa,
quando está infeliz com o seu trabalho ou amor,
quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho,
quem não se permite, pelo menos uma vez na vida,
fugir aos conselhos sensatos."

Pablo Neruda