Aqui posso sentir-me eu. Aqui posso sentir-me em casa.
Aqui é o sítio para ser livre e ser criança. Saltar de pedra em pedra e sentir aquele medo na barriga "será que consigo, será que vou cair?". Apanhar amoras e esfolar os joelhos. Andar com música na cabeça e não nos ouvidos.
Aqui é sítio para ser eu sem ninguém a ver. Andar livremente pelos campos, percorrer os caminhos quase esquecidos e os caminhos desconhecidos. Andar sem se saber para onde e descobrir novas coisas. Olhar para o céu à procura da águia e para o chão à procura do gafanhoto. Molhar a cara na água das fontes. Acordar cedo para ver aves e ficar à noite a jogar cartas.
Aqui é o sítio para estar atento aos pequenos pormenores. O voo da andorinha, o morcego à volta do candeeiro, o formigueiro no chão, a toca da cobra, o cantar dos estorninhos, o pôr-do-sol, as casas de pedra com rosas pelos caminhos, as estrelas no céu.
Aqui é sítio para reencontrar o perdido, despertar o adormecido e ser novo, de novo.
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