A semana passada tive um dia de campo horrível, daqueles que me fazem odiar peixes e arrepender de ser bióloga em vez de estar num escritório com ar condicionado quentinho.
Tínhamos posto as redes no dia antrerior para ver que peixe havia naquela albufeira e quando chegámos lá era só tirar as redes, voltar a largar os peixes para água e voltar a pôr as redes noutra albufeira. O vento estava forte e atirava os salpicos do barco para cima de nós, mas as duas primeiras redes fizeram-se bem. Eram umas 11 horas quando chegámos à 3ª. Começámos a tirar a rede de água e estava cheia de peixe! Mas cheia ao ponto de ter peixe em todos os bocadinhos de rede! Ainda por cima era só carpas. As carpas têm dois espigões dentados que se prendiam e enrolavam completamente na rede. Elas estavam de tal forma presas que eu não era capaz de as soltar e acabei de deixar isso para os meus colegas de campo, encarregando-me de segurar as redes. Entretanto começa a chover enquanto aquele vento no continua a fustigar... Passei o dia todo a tremer de frio e os meus dedos ficavam sem pinga de sangue! Ainda pensei se estar tanto tempo sem circulação não lhes faria mal e lá ia tentando restabelecer a circulação.
Íamos a meio da rede (cada rede tem 30 metros) quando percebemos que não dava para continuarmos a trabalhar ali com tanto vento e frio. Metemos a rede com os peixes todos para dentro do barco e procurámos um enseada mais abrigada. Por esta altura já eram 16 horas e ainda não tínhamos almoçado e ainda nos faltavam duas redes e só tinhamos conseguido "limpar" metade daquela em 5 horas!
Acabámos por ter de desistimos da rede e pedimos um canivete ao dono que andava a tomar conta de nós (não fossemos nós destruir aquilo tudo, sabe-se lá!) para cortar a rede e tirar os peixes. Nem assim! Tivemos de tirar as boias e as cordas mais grossas à rede e atirar a rede com os peixes assim para dentro de água (a maioria já estava morta). Contámos e medimos 125 peixes e estimámos que ainda estavam outros 100 na rede, para terem uma ideia...
No fim do dia tinha os braços tão cansados que nem tinha agilidade suficiente para apertar o botão das calças!
Para termos a cereja no topo do bolo, perdemos o canivete ao senhor...
Há dias em que não me sinto nada bióloga, mas amanhã lá estarei outra vez...
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